Desde 2007, o mundo tem mais população urbana que rural. Neste sentido, a preocupação com o ambiente urbano tem vido a crescer, visto que há uma tendência para o aumento dessa população. O crescimento sustentável também é uma preocupação, na tentativa de minimizar impactos, sobretudo nos recursos e na diminuição das emissões, o que certamente proporcionará melhores condições de vida às populações. Este conceito de qualidade de vida está muito dependente de vários factores como a saúde, segurança, desenvolvimento pessoal, da comunidade, ambiente físico e recursos naturais, bens e serviços, que ao variarem individualmente podem perturbar essa qualidade.
Ponderando os impactos exteriores do espaço urbano, considera-se o território, água, alimentos, materiais de construção, como input de recursos, enquanto nas dinâmicas urbanas compreende-se os transportes, economia e cultura. Estas dinâmicas subdividem-se em habitabilidade (saúde, educação, etc.) e como output resulta a poluição e resíduos.
No ecossistema urbano evidenciam-se algumas características, nomeadamente a abertura, dependência, mudança e segmentação, do qual resulta a questão se o espaço urbano é ou não, um ecossistema parasitário.
Quanto ao conceito de “Pegada Ecológica” muito na voga ultimamente, é premente pensar a quantidade de território e água que são necessários para manter uma população e quanto território é necessário para absorver os resíduos que esta produz. Geralmente a pegada de uma cidade ultrapassa a sua área.
“O espaço urbano, geralmente é classificado pelas desgraças”. Como exemplo desta afirmação apresenta-se a qualidade do ar. Para se tentar manter uma boa qualidade do ar tem-se feito alguma legislação na tentativa de regular emissões de gases nocivos, nomeadamente o D.L. 276/99, que define as linhas de orientação da política de gestão da qualidade do ar, o D.L. 111/2002 ao estabelecer os valores limite e os limiares de alerta para concentrações de determinados poluentes no ar, o D.L. 320/2003 que visa evitar, prevenir ou limitar as emissões de ozono e o D.L. 351/2007 que estabelece valores de emissões de metais pesados. Considera-se um poluente em função da nocividade e apenas quando são ultrapassados certos limiares, que poderão ser nocivos para a saúde pública.
Como poluente atmosférico consideram-se os gases e as partículas ou líquidos (aerossóis). Estes subdividem-se em poluentes primários (emitidos directamente para a atmosfera) e compostos. Dos poluentes mais clássicos, salienta-se o dióxido de enxofre (SO2) essencialmente de origem industrial, o monóxido de carbono (CO) do tráfego, dióxido de azoto (NO2) associado ao tráfego e indústria, partículas com diâmetro inferior a 10 µm (PM10) ou 2,5 µm (PM25) de múltiplas fontes naturais e artificiais, compostos orgânicos voláteis, como o benzeno (C6H6) e o ozono (O3) originado pelo tráfego automóvel. Quanto mais pequenas as partículas poluentes, mais nocivas são.
Relativamente às consequências destes poluentes na saúde podem ser a curto prazo (fácil de estabelecer, mas muito dependente da sensibilidade da população) e a longo prazo (difícil de definir, resultam da exposição ao longo de muitos anos a baixos níveis de poluição atmosférica). Dos acontecimentos mais marcantes na história, destaca-se o Smog de Dezembro de 1952 em Londres, que causou 8000 mortes. Face a este acontecimento, surgiu aqui a primeira grande chamada de atenção para a necessidade de regular a qualidade do ar, no denominado “Clean Air Act”.
Quanto ao clima urbano, o grande problema está sobretudo na falta de legislação. A cidade ideal seria a que apresenta uma forma urbana dispersa, com muitos espaços verdes e arejada, no entanto, com o crescimento urbano há cada vez mais a necessidade de as pessoas se deslocarem e, paralelamente, uma maior utilização do automóvel. Pode dizer-se que os espaços urbanos têm o seu próprio clima, sendo este, uma modificação das condições regionais. A ilha de calor urbano (temperaturas mais elevadas no centro urbano em relação à periferia) deve-se em grande parte à geometria urbana (derivada da radiação infra-vermelha), à redução da cobertura da vegetação (diminuição da evapotranspiração e aumento do calor latente), emissão de calor pelas actividades antrópicas (indústria, transportes, serviços, etc.) e materiais de construção utilizados nos edifícios que absorvem e armazenam calor. Quanto maior for o aquecimento global, mais tendência há para o aumento do aquecimento urbano, o que se traduz por cidades mais quentes, logo maior probabilidade de ocorrerem vagas de calor. Assim, resultam impactos sobre a saúde e sobre o conforto térmico. Quanto ao último, há uma relação elevada com o aumento de energia e o aumento do seu preço na climatização, mas também com o aumento do consumo de água. No entanto, há aspectos positivos deste aumento de temperatura, como a redução do desconforto térmico de inverno, impactes do frio sobre a saúde e benefícios ao nível da biodiversidade (cultivada) e fenologia.
A água no espaço urbano pode ser um factor de risco porque, com as precipitações intensas, áreas muito impermeabilizadas, onde há redução da infiltração, aumento do escoamento, artificialização da rede hidrográfica e redução da evapotranspiração, os fenómenos de cheia ou inundação são cada vez mais frequentes.
A reacção a estes pontos passa por estudar o clima das cidades, monotorizar, modelar e efectuar projecções (associados a cenários, como os divulgados pelo IPCC), mas também pela mitigação (actuar sobre as causas) e adaptação (minimizar as consequências).
Quanto à biodiversidade no meio urbano é muito discutível, sobretudo na preservação das espécies endémicas ou introdução de espécies, de forma a manter os espaços verdes. O benefício resultante da biodiversidade é o contributo para o bem-estar mental dos seres humanos (Frunkin, 2003), identidade e preservação da herança biológica local, funções culturais e ecológicas e o desenvolvimento da sensibilidade ambiental e valorização do meio natural. Contudo, há aspectos negativos, como a possibilidade de haver produtores de alergenos (plantas, fungos, animais, …), vectores de difusão de doenças (insectos, ratos, aves, …) e difusão de pragas e infestantes.
A vegetação urbana classifica-se em três tipos: a remanescente (pré-urbana), a ruderal (nasce por si só) e a cultivada.