domingo, 12 de janeiro de 2014

Avaliação da distribuição espacial de incêndios florestais no Concelho de Tarouca

Referência bibliográfica:
Meneses, B.M. & Sarmento, H. (2012) - Avaliação da distribuição espacial de incêndios florestais no Concelho de Tarouca. III Encontro de Sistemas de Informação Geográfica - Aplicação SIG em Recursos Agro-Florestais e Ambiente, IPCB, Castelo Branco, pp. 39-40.

Bruno M. Meneses1, Humberto J. Sarmento2
1Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Departamento de Geografia e Planeamento Regional, Lisboa. Portugal. santana.meneses@gmail.com
2Comandante dos Bombeiros Voluntários de Tarouca, Tarouca. Portugal.
  
RESUMO
A floresta no Concelho de Tarouca reduziu significativamente nos últimos anos devido aos múltiplos incêndios que aqui têm ocorrido. Segundo a Carta de Ocupação do Solo de 1990 (COS’90), a área florestal representava cerca de 59,04% da área total do Concelho, reduzida para 51,39% segundo os dados da CORINE Land Cover de 2006 (CLC’06). A redução da floresta deve-se em parte às atividades antrópicas aqui desenvolvidas (e.g. desflorestação, conversão de áreas florestais em agrícolas, etc.) mas sobretudo à ocorrência de incêndios, sendo estes eventos responsáveis por múltiplos impactos sociais e económicos, bem como ambientais. Entre Julho de 1983 a Outubro de 2011 ocorreram 2712 incêndios florestais neste Concelho (registos dos Bombeiros Voluntários de Tarouca) verificando-se que no Verão é quando estes eventos ocorrem com mais frequência (1994 eventos) por ser a estação que reúne todas as condições para que os incêndios se desencadeiem e também pela fácil propagação (e.g. elevada temperatura, muita vegetação seca, etc.). Na análise destes registos também se verificou que a maioria dos incêndios deflagra entre as 14:00 e as 16:00, período em que a insolação das vertentes é maior (temperatura mais elevada), um fator que proporciona a redução do teor de humidade e a fácil combustão da matéria seca.
A área onde tem ocorrido os incêndios foi cartografada pelos serviços municipais entre os anos de 1995 e 2011, possibilitando atualmente perceber quais as áreas onde é necessário intervir e também onde é fundamental aplicar medidas preventivas extraordinárias para a redução da ocorrência destes eventos. Esta informação depois de convertida de vetorial a matricial, sobrepôs-se por anos, obtendo-se as áreas mais fustigadas pelos incêndios no período anteriormente referido, destacando-se nesta análise toda a Serra de Santa Helena, em especial o setor a Norte, com áreas a registar a ocorrência de cinco incêndios. A redução da cobertura vegetal nesta área implica, sobretudo, a perda de solo por erosão hídrica, embora haja outros problemas, como por exemplo a deposição de matéria orgânica com implicações no desenvolvimento do perfil do solo.
A reconversão do uso e ocupação do solo é bastante significativa nas áreas mais a Norte deste Concelho, locais onde se observou o avanço da vegetação natural (arbustos) pelo consecutivo abandono de áreas agrícolas. Esta observação reflete-se no cálculo de índices de vegetação normalizada (NDVI) obtidos a partir das imagens do Satélite Landsat 5TM, onde é possível perceber as dinâmicas do território nas últimas três décadas, nomeadamente na variação espacial da cobertura vegetal. Esta informação é essencial na determinação espacial de áreas onde ocorreram incêndios, visto serem estas as que apresentam o índice mais baixo (NDVI), devido à ausência de vegetação. O cálculo deste índice para vários períodos do ano permite acompanhar a evolução da vegetação, com especial interesse para a determinação de áreas com mais matéria seca, obtida pela diferença entre o período de máximo desenvolvimento vegetativo e o período de debilitação da vegetação, informação útil para a definição de áreas de risco de incêndio.        

Palavras chave: Incêndios Florestais; Variação Espácio-temporal; NDVI, Tarouca. 

Sem comentários: