Referência bibliográfica:
Meneses, B.M. & Sarmento, H. (2012) - Avaliação da distribuição espacial de
incêndios florestais no Concelho de Tarouca. III Encontro de Sistemas de
Informação Geográfica - Aplicação SIG em Recursos Agro-Florestais e Ambiente,
IPCB, Castelo Branco, pp. 39-40.
1Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa, Departamento de Geografia e Planeamento Regional, Lisboa. Portugal. santana.meneses@gmail.com
2Comandante dos Bombeiros Voluntários de Tarouca, Tarouca. Portugal.
RESUMO
A floresta no Concelho de Tarouca reduziu significativamente nos últimos
anos devido aos múltiplos incêndios que aqui têm ocorrido. Segundo a Carta de
Ocupação do Solo de 1990 (COS’90), a área florestal representava cerca de
59,04% da área total do Concelho, reduzida para 51,39% segundo os dados da
CORINE Land Cover de 2006 (CLC’06). A redução da floresta deve-se em parte às
atividades antrópicas aqui desenvolvidas (e.g. desflorestação, conversão de
áreas florestais em agrícolas, etc.) mas sobretudo à ocorrência de incêndios, sendo
estes eventos responsáveis por múltiplos impactos sociais e económicos, bem
como ambientais. Entre Julho de 1983 a Outubro de 2011 ocorreram 2712 incêndios
florestais neste Concelho (registos dos Bombeiros Voluntários de Tarouca) verificando-se
que no Verão é quando estes eventos ocorrem com mais frequência (1994 eventos)
por ser a estação que reúne todas as condições para que os incêndios se
desencadeiem e também pela fácil propagação (e.g. elevada temperatura, muita
vegetação seca, etc.). Na análise destes registos também se verificou que a
maioria dos incêndios deflagra entre as 14:00 e as 16:00, período em que a
insolação das vertentes é maior (temperatura mais elevada), um fator que
proporciona a redução do teor de humidade e a fácil combustão da matéria seca.
A área onde tem ocorrido os incêndios foi cartografada pelos serviços
municipais entre os anos de 1995 e 2011, possibilitando atualmente perceber
quais as áreas onde é necessário intervir e também onde é fundamental aplicar medidas
preventivas extraordinárias para a redução da ocorrência destes eventos. Esta
informação depois de convertida de vetorial a matricial, sobrepôs-se por anos,
obtendo-se as áreas mais fustigadas pelos incêndios no período anteriormente
referido, destacando-se nesta análise toda a Serra de Santa Helena, em especial
o setor a Norte, com áreas a registar a ocorrência de cinco incêndios. A
redução da cobertura vegetal nesta área implica, sobretudo, a perda de solo por
erosão hídrica, embora haja outros problemas, como por exemplo a deposição de matéria
orgânica com implicações no desenvolvimento do perfil do solo.
A reconversão do uso e ocupação do solo é bastante significativa nas áreas
mais a Norte deste Concelho, locais onde se observou o avanço da vegetação
natural (arbustos) pelo consecutivo abandono de áreas agrícolas. Esta
observação reflete-se no cálculo de índices de vegetação normalizada (NDVI)
obtidos a partir das imagens do Satélite Landsat 5TM, onde é
possível perceber as dinâmicas do território nas últimas três décadas,
nomeadamente na variação espacial da cobertura vegetal. Esta informação é
essencial na determinação espacial de áreas onde ocorreram incêndios, visto
serem estas as que apresentam o índice mais baixo (NDVI), devido à ausência de
vegetação. O cálculo deste índice para vários períodos do ano permite acompanhar
a evolução da vegetação, com especial interesse para a determinação de áreas com
mais matéria seca, obtida pela diferença entre o período de máximo
desenvolvimento vegetativo e o período de debilitação da vegetação, informação
útil para a definição de áreas de risco de incêndio.
Palavras chave: Incêndios Florestais; Variação Espácio-temporal; NDVI, Tarouca.
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